Caso você nunca tenha ouvido falar sobre o que é agroecologia, é importante compreender que existem diferentes formas de se viver e produzir no meio rural. 

A agricultura industrial ou convencional, também chamada de agronegócio, é baseada em práticas e tecnologias padronizadas para a realização das atividades nas propriedades. Esse "pacote tecnológico" muitas vezes desconsidera questões ambientais e culturais locais. Por esse motivo, pode causar danos socioambientais graves. 

A  agroecologia também contempla formas variadas de se fazer agricultura. Contudo, todas devem envolver o manejo do agroecossistema de forma sustentável e serem pensadas a partir de determinados princípios ambientais, culturais, sociais, econômicos e políticos.

O conceito de agroecologia é bastante complexo e pode variar de acordo com o interlocutor. Ela pode pode ser entendida como ciência; como o conjunto de determinadas práticas agrícolas; como movimento social, ou, como as associações entre esses e outros elementos.

Para Caporal e Costabeber, importantes pesquisadores brasileiros da área, a agroecologia corresponde a um campo de conhecimento multidisciplinar que proporciona as bases científicas para apoiar o processo de transição de um modelo de agricultura com diversos impactos negativos, como a agricultura convencional, para estilos de agricultura de base ecológica.

Os autores estabelecem seis dimensões que devem ser consideradas para a sustentabilidade no agroecossistema: ecológica, econômica, social; cultural, política e ética. Essas dimensões estão organizadas em níveis, conforme pode ser observado na figura abaixo:


  A dimensão ecológica representa a manutenção e recuperação da base de recursos naturais, sobre a qual se sustenta a vida (dos humanos e demais seres vivos) e é um aspecto central para se atingir patamares crescentes de sustentabilidade. Os autores elencam como prioridades a reutilização de materiais e energia dentro do próprio agroecossistema, assim como a eliminação de insumos tóxicos ou com efeitos incertos (desconhecidos), como os de Organismos Geneticamente Modificados.

A dimensão social está ao lado da ecológica, representando um dos pilares básicos para a sustentabilidade. Estão incluídos nessa dimensão a equidade no rural e a busca contínua por melhores níveis de qualidade de vida no meio rural. 

A dimensão econômica é a última presente no primeiro nível. Os autores relatam que os resultados econômicos obtidos pelos agricultores são elementos fundamentais para fortalecer as estratégias de desenvolvimento rural sustentável. O que se busca é: melhoria da renda familiar; garantia da produção de alimentos; estabilidade na produção e produtividade; redução das externalidades negativas que implicam em custos para a recuperação do agroecossistema; redução nos gastos com energia não renovável e insumos externos; ativação da economia local e regional; agregação de valor à produção primária; presença de estratégias de pluriatividade.

A dimensão política diz respeito aos métodos e estratégias participativas que possam assegurar o resgate da autoestima e o pleno exercício da cidadania pelos agricultores. Nessa dimensão estão os processos participativos e democráticos desenvolvidos, bem como as redes de organização social e de representação dos diversos segmentos da população rural. 

Finalmente, a dimensão ética está relacionada com a solidariedade intra e intergeracional e com as responsabilidades dos indivíduos quanto aos impactos socioambientais que podem causar. Essa dimensão exige que se pense e faça viável a adoção de novos valores, não necessariamente homogêneos, mas que restabeleçam sentidos de solidariedade e fraternidade nas relações entre os homens.

Existem outras abordagens sobre os princípios da agroecologia e reorganizações das dimensões criadas por Caporal e Costabeber. Além disso, como comentado anteriormente, as compreensões sobre o que a agroecologia contempla também podem variar.

No decorrer da pesquisa que deu origem a este portal, tivemos a oportunidade de conversar com indivíduos que  atuam direta ou indiretamente com a agroecologia em suas vidas. Na figura abaixo trazemos algumas falas sobre os significados da agroecologia para essas pessoas:   

As falas demonstram a importância que as pessoas entrevistadas dão para a relação entre o homem com o meio em que vive. Caporal e Costabeber afirmam que, por mais que esteja integrada a sistemas econômicos, a agricultura envolve sobretudo um processo social. Sendo assim, propostas de agriculturas alternativas não podem propor somente mudanças de base técnica, precisam viabilizar mudanças nos tipos de relação dos homens com o meio ambiente e entre si.

Finalizamos esse texto trazendo alguns vídeos sobre a agroecologia e seus benefícios, a fim de complementar as informações aqui expostas. 

Vídeo 1: O que é agroecologia. 


Vídeo 2: Agroecologia e agricultura familiar.

Vídeo 3: Agroecologia e seus benefícios.


REFERÊNCIAS:

CAPORAL, F.R.; COSTABEBER, J.A. Agroecologia e Extensão Rural: contribuições para a promoção do desenvolvimento rural sustentável. Porto Alegre, 2004. Disponível em: http://pergamum.ifrs.edu.br/pergamumweb_ifrs/vinculos/000053/0000536c.pdf

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